Por Érika Sena de Oliveira | vice-presidente ANDF

A utilização da fitoterapia vem crescendo consideravelmente entre as escolhas de tratamento para a população. Muitas vezes opta-se pelo uso de plantas como tratamento auxiliar/complementar da alopatia visto que sua utilização faz parte da prática da medicina popular inserida na tradição cultural de um povo. Mas é preciso ter cuidado! É necessário para se fazer uma boa e eficaz prescrição conhecer as plantas, sua ação terapêutica, a existência de possíveis efeitos tóxicos, além da melhor forma de   administrar o fitofármaco. 

 O termo Fitoterapia deriva do grego phyto que designa “vegetal” e therapeia que se refere a “tratar, cuidar”, consiste no uso de vegetais para o tratamento de doenças, sejam as plantas “in natura” ou sob a forma de medicamentos (cápsulas, tabletes, infusão, tintura, etc.). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA, define os produtos fitoterápicos como aqueles obtidos com o emprego exclusivo de matérias-primas provindas de ativos vegetais, cuja segurança e eficácia são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentação tecno-científicas ou evidências clínicas. Desde 2011 existe a disposição na internet o “Formulário Fitoterápico -Farmacopeia Brasileira”, que elucida parte das plantas consideradas seguras e utilizáveis em nosso país.

A Fitoterapia deve ser usada pelos nutricionistas como parte integrante da terapia nutricional sendo uma estratégia complementar à prescrição dietética elaborada. Esta regulamentação é feita pela Resolução CFN nº 556/2015 que estabelece a prescrição pelo nutricionista, de plantas “in natura” frescas, ou como droga vegetal nas suas diferentes formas farmacêuticas em uso exclusivamente oral.  É importante salientar que a partir de 2018 a prescrição de medicamentos fitoterápicos, de produtos tradicionais fitoterápicos e de preparações magistrais de fitoterápicos, foi restringida ao nutricionista portador de título de especialista em Fitoterapia. Não sendo vedado ao nutricionista sem título a prescrição de plantas “in natura” e infusos (chás) medicinais.

A eficácia terapêutica da Fitoterapia provém da combinação de seus constituintes bioativos, que podem agir de modo sinérgico entre si, ou mesmo na combinação com outras plantas. Insere-se neste contexto a individualidade bioquímica dos indivíduos que reagirão de forma específica ao tratamento.

No Brasil, a Fitoterapia vem sofrendo avanços na área tecno-científica que possibilitam o desenvolvimento de fitoterápicos mais seguros e eficazes. Associado a este crescimento, observa-se também um aumento na busca por parte da população de terapias complementares que promovam resultados positivos acrescentando mais saúde e qualidade de vida aos seus usuários. Este fato, abre ainda mais o campo de atuação do prescritor nutricionista, que deve estar apto a desempenhar sua função de forma profissional e ética.

Neste espaço introduzimos a importância da Fitoterapia na ciência da Nutrição. Vamos durante os próximos meses discorrer sobre alguns fitoterápicos e suas   diferentes aplicações seja no campo da técnica dietética, da nutrição clínica e também  na nutrição esportiva.

Referências:

1.https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/anos-anteriores/brasil-ganha-formulario-de-fitoterapicos
2. Fintelmann V; Weizz F. R- Manual de Fitoterapia . 11 edição. Rio de Janeiro. Guanabara Kogan.
3. Kalluf, L.- Fitoterapia Funcional: dos ativos à Prescrição de Fitoterápicos.2 Edição. São Paulo. AçãoSet. 2015
4. Marques, N. – Nutrição Clínica Funcional- 1 edição. Coleção Nutrição Clínica Funcional. VP editora. São Paulo, 2011.
5. Panizza S.T; Veiga R.S.; Almeida M.C.- Uso Tradicional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos- São Luis, MA: CONBRAFITO,2012
6. Roque O.R; Silva A.P.; Teixeira F.; Cunha A.P- Plantas  na Terapêutica Farmacológica e Ensaios Clínicos. 3 edição. Fundação Calouste
7. Gulbenkian. 2014. Parte I páginas 285-291.